15.4.08

Despeço-me solenemente.

Oi, eu vim aqui te pedir desculpas.
Não por te deixar, mas por ter falado além do que deveria pra poder te convencer que a nossa relação não tem mais pra onde ir. Talvez o problema seja única e exclusivamente, eu! Mas até aí, seria muito egoísmo da minha parte. Todo o mundo tem defeitos, você tem muito poucos, mas talvez eu não conseguisse conviver com apenas um desses poucos. E dentro de um relacionamento, a gente tem que estar pronto pra o que der e vier, e se eu já não tava tão assim com você antes mesmo da gente dividir o mesmo teto, o que ia acontecer se um dia nossa casa fosse destelhada?
Quem é que ia ser o pilar de sustentação se eu não posso nem com o peso da minha alma?
Eu não sou madura. Eu sou uma criança mimada e birrenta, sim. E você não merece isso. Merece uma mulher que saiba te acolher nos braços, e não pedir colo a toda hora...
Eu queria muito ter conversado com você sem te magoar, eu queria muito que através das palavras eu fizesse você enxergar sem se machucar, o porquê de te pedir pra ficar sozinha. Tem um ser que ruge dentro de mim e nem mesmo eu entendo o que ele quer. Mas ele não está sozinho e a cada passo, já não sei mais a direção que tinha tomado há um minuto atrás.

Porque tudo tem que ser tão a ferro e fogo? Porque você não pode olhar pra mim sem me rasgar com a sua compaixão descabida nesse momento? Eu não quero o Dalai Lama, eu quero a reação do ser humano que passou esses últimos anos do meu lado. Quero que ele me diga que tava tudo bem e que quem pirou de vez fui eu – aponta o dedo na minha cara e me chama de volúvel e egoísta. É isso que eu sou mesmo, mas você é mais que isso, tem o poder de não magoar, ao contrário de mim.

Você tem mais aí dentro do que acredita. Esses anos foram maravilhosos. Agora posso dizer que vivi um grande amor antes de morrer. Fui muito feliz, e vou continuar sendo, por saber que eu pude ser uma pessoa normal por algum tempo ao seu lado.