23.9.05

De Battre Mon Coeur S’est Arreté

Para muitos, uma chatice. Para mim um programa agradável e que há muito tempo eu não me dava tempo p/ fazer! Saí tarde do escritório, cansada de um dia corrido, com direito a uma entrevista, que está me deixando ansiosa há alguns dias e muita cobrança no escritório.
Resolvi ainda na catraca de entrada do metrô. Desci na minha antiga parada, peguei o rumo do cinema e não encontrei nenhum horário descente para assistir a uma sessão! Dei umas voltas, comprei um livro, procurei CDs com preços melhores (não encontrei nada que me interessasse), voltei p/ comprar meu ingresso e escolhi um filme que já havia me chamado a atenção numa página da web: “De Tanto Bater Meu coração Parou”, o que mais me chamou a atenção foi a sinopse que falava sobre piano, e uma trilha sonora recheada de boa música. Não deu outra, sentei e chorei. Por causa da emoção de muitas músicas, por lembrar de algumas passagens tristes da minha vida, mas chorei de felicidade principalmente, pela paz que estava sentindo, porque fazia muito tempo que eu não me sentia bem comigo mesma, tanto tempo que eu não me levava ao cinema e nem percebi que era só isso que faltava. Saí de lá e fui tomar um café no Viena, nossa que saudades daquele café... Tanta que até pedi um duplo! Devorei as primeiras páginas do meu livro novo, como uma criança que rasga o papel de um presente!!!
Que bela noite! Como eu me diverti! Não vou negar que aquele lugar todo tem cheiro de momentos bons que passei junto a uma pessoa em quem ainda penso bastante, também não vou mentir que a todo instante sentia como se eu fosse trombar com ele. Enquanto escolhia meu livro, encontrei alguns dos quais ele gosta, enquanto olhava os CDs, recordei de muitas músicas que foram “nossas”. Mas enquanto assistia ao filme, aquilo tudo era meu! Enquanto lia meu livro e tomava meu café, estava me namorando. E com certeza, neste dia da semana àquela hora, ele estaria trabalhando e não teria tempo pra me fazer tão feliz quanto eu estava sendo comigo mesma!!!


Quanto ao filme, quem tiver oportunidade assista! É francês, mas não chega a ser daqueles superintrospectivos, cansativos e monótonos, também não é nenhum “água com açúcar”, me identifiquei bastante, leva um pouco da essência desse blog, mostra uma espécie de dualismo, de um lado o dia-a-dia violento e corrupto, de outro a virtude da arte em forma de música.
O livro: “O Jogador”, Dostoievski – sou suspeita por ser fã desse cara, mas até agora está ótimo, relatando o perfil dos nobres do século XIX, onde a roleta era bastante apreciada! (até agora é só o q eu sei!)

Assistam ao filme, leiam o livro!!!

...Fui!

14.9.05

Um pouco do meu dia...

Esse tempo assim chuvoso, frio de doer nos ossos, não me traz mais tristeza como em outros tempos, apenas uma nostalgia gostosa de tempos que não sei dizer quais são.
Acho que estou ficando mole – senti uma vontade de ter um cobertor de orelhas hoje cedo... Alguém pra te cutucar pra sair da cama, obrigando você a ir pra academia porque a final de contas você está pagando por isso! Alguém pra pedir que você fique mais um pouquinho, que não vá pra academia porque está frio e você pode se resfriar, pedindo que não vá trabalhar e fique ali o dia todo enroscado naquele calorzinho com preguiça de levantar até pra se alimentar!!
Segui minha rotina apesar da preguiça que esses dias me trazem, fui pra academia, passeei na esteira, tomei um banho demorado, escolhi as roupas mais quentinhas, tomei um belo café da manhã (porque esses dias me deixam com fome), fui calma e tranqüila pela rua com a consciência de que iria me atrasar, peguei um vagão agradável no metrô e justo na baldeação fui surpreendida por um encontro que há muito não ocorria. Daí lembrei do meu desejo por um cobertor de orelha, pensei até em mandar lembranças, logo desisti.
Ele desceu duas estações depois e eu fiquei com meu livro, passando os olhos pelas linhas sem nada ler, absorta em meus pensamentos, recordando algumas situações, criando outras...
- Estação Sumaré!
Hora de acordar pra vida, ainda devaneei um pouco, mas logo encontrei uma companhia na falta de pontualidade e voltei à realidade!Passei o dia assim – meio apaixonada pelo dia, meio apaixonada pela vida, suspirando pelas nostalgias, com saudades de dias recheados por outra pessoa, feliz por aprender aos poucos como aproveitar melhor meus dias, por mais que eles sejam cinzentos e gelados.


!Fui...

13.9.05

Ele sempre gostou de música!

Muito talentoso e dedicado, aprendeu a tocar de ouvido, é autodidata e seguiu as partituras. Numa de nossas muitas viagens Atibaia/São Paulo e vice-versa, perguntei porque ele não havia seguido a carreira de músico, se era o seu maior desejo quando mais novo. Ele sorriu tristemente, suspirou – “Porque músicos morrem de fome!”...
Quando ele toca, eu sinto a música que sai da alma dele e entra nas nossas. Vejo a alegria que ele tem de poder participar pra quem está ao seu redor todo o amor que ele tem na música! Não há quem não se encante pelas dedilhadas no violão de doze cordas; ainda mais com todo o sentimento que ele põe na música; as travessuras no piano e outros instrumentos que se tornam brinquedos em suas mãos.

Nessa noite eu assisti a todo o espetáculo pensando no quanto gostaria de fazer parte daquele mundo lá do palco, queria saber brincar com as palavras da mesma maneira que o arlequim saltitante - não temer a métrica ou a rima, as concordâncias e a falta da criatividade, simplesmente permitir que as palavras me utilizassem pra dançar harmonicamente numa ciranda de criança – esquecer que muitas vezes eu as uso para ferir e transmitir minha revolta, desilusão com o mundo e com as pessoas.
Enquanto eu sentia tudo isso, pensei muito naquele garoto que poderia ter virado músico, artista realizado e estar em cima daquele palco. Garoto que hoje se tornou um profissional responsável, competente, estressado, que vive viajando, mas sabe que logo a hora da realização vai chegar! Nessa mesma noite eu chorei, porque quando olhei p/ poltrona ao lado no teatro, lá estavam os olhos do garoto novamente, como se ele tivesse se transferido p/o palco e nunca mais alguém o faria desistir de seguir o seu caminho na arte e na música, chorei por poder compreender um pouquinho que seja desse sentimento pela arte.
Quando éramos crianças, eu o odiava, talvez porque não soubesse lidar com toda a admiração que sentia por ele. Fomos nos tornando adultos, amigos, e cada um seguiu seu caminho de maneira diferente. Eu me afastei da arte de construir com a alma p/ construir com os números, ele trocou o toque dos dedos na corda de um violão por um teclado de computador. Eu continuo admirando a maneira como ele encara a vida. Deveria ser o cara mais revoltado da face da Terra por não conseguir se realizar profissionalmente, mas leva a vida como um verdadeiro aprendizado, pois sabe que a sua hora está reservada. Eu ao contrário, me frustrei muito com as escolhas profissionais que fiz. Talvez agora seja o início de um novo caminho a trilhar, sem pressa de chegar a algum lugar, mas com a certeza de que nesse caminho posso extravasar com as palavras com o mesmo amor que o meu “Pimo” tem com a música. Ele não é o melhor instrumentista que eu conheço, tampouco quero ser uma escritora extraordinária, mas prometo colocar mais amor no que escrevo daqui em diante, pra ser mais feliz e completa, ao menos em uma das coisas que faço em minha vida.
Aos que gostam das minhas revoltas, fiquem tranqüilos porque elas não irão se extinguir e aos que preferem meus tempos de calmaria, aproveitem bastante porque estou novamente encantada pela vida!

...Fui!

6.9.05

Ainda sinto falta...

"E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... também."

Oswaldo Montenegro