Acordei com a claridade entrando pelas persianas. Fiquei na cama até que a preguiça quis a cama só pra ela.
Meu primeiro final de semana sem pré-programação. Só meu, sem almoço na casa de alguém, sem horários ocupados; só eu e as horas do dia pra mim!
Entrei no chuveiro sem me demorar, já que o Sol não pretendia se sustentar por muito tempo... Pus um vestido alegre com vontade de ser mais solta e saí sem me preocupar aonde ir.
Passei pelo bairro sujo do temporal da noite anterior, sentindo o cheiro enjoativo dos restaurantes coreanos, com todas aquelas pessoas feias que moram lá. Os botecos preparando a famosa feijoada do sábado; as mesmas personagens que completam o quadro doentio daquele lugar.
Fui na direção do Parque da Luz, já que é o único lugar aqui por perto que ainda tem algo de bom pra ver!
O que ninguém que freqüenta a Pinacoteca repara, é que existem dois mundos naquele parque e o caminho que eu fiz vai do inferno ao céu em menos de 500m. Primeiro você tropeça nos mendigos da entrada dos fundos, depois esbarra nas putas que fazem programa no lado dark, à sombra das árvores. São tantas as perguntas que passam pela minha cabeça quando eu faço esse caminho... Como pode tanta sujeira e falta de vida aos pés dum altar de cultura e beleza? Todos aqueles vendedores ambulantes tentando um troco a mais pra sustentar algum tipo de sobrevida; pessoas que chegaram além do fundo do poço, onde já não se tem mais chance de colocação numa sociedade canibal que não perdoa os fracos. Dali a alguns metros, um café requintado acolhe pessoas que se dizem cultas e inteligentes, mas totalmente ignorantes aos ocupantes dos bancos logo a sua frente. Loucos, ermitões, velhos aposentados sem saúde, intelectuais, socialites, jovens emergentes e loucos. Tudo bem heterogêneo pra que ninguém esqueça o lugar onde deve permanecer.
Passeei bastante enquanto o Sol ainda estava por lá, o jardim da Pinacoteca não tem nada de mais, mas eu me sinto muito bem ali vendo as carpas e as esculturas!
Pensei bastante na escolha que fiz, e assumo todas as conseqüências! Já que é pra torrar a vida, então vambora!!!
Meu passeio foi mais longe, até meus refúgios... Foi um dia bom pra refletir a vida. Andei o tempo todo por lugares que me fazem bem - gastei o dia visitando, sentindo o cheiro do que é bom, os sabores que tanto gosto, com um vento bom que agora passa direto por mim, não mais me arrepia ou intimida!
Cheguei exausta! Dormi cansada e feliz porque meu dia a dia é sempre preenchido por essas banalidades cotidianas, mas eu adoro isso!
Agora sim, estava preparada pra um domingo de concretagem, tendo a certeza que é isso mesmo que eu amo e me realizo muito assim!
Cada pecinha tem seu encaixe perfeito – sejam boas ou ruins - uma de cada vez pra construir minha felicidade!
11.1.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário