23.6.12
Desilusão cura, Doutor?
31.5.12
O que é que a gente veio fazer aqui?
7.3.12
Quantas vezes...
Quantas vezes eu precisei matar você dentro de mim pra poder te amar de novo... E quantas vezes eu procurei outro de você em você mesmo... E nas minhas inconstâncias precisei criar vários de você pra poder amar, odiar, culpar e idolatrar... Será que algum dia eu encontro você aí dentro de verdade?
Reconheço tão pouco o que enxergo quando te olho nos olhos... Já te perdi em olhares e quase corei por isso, em compensação quantas vezes te amei de olhos fechados com tanta intensidade...
E quantas vezes vi no seu olhar o perdão disfarçado na indiferença e o desejo de passar a mão na minha cabeça convertido em ríspida desaprovação...
Quantas vezes ainda vou me questionar e quantas vezes vou me arrepender até achar o equilíbrio que nunca existiu em mim... O mesmo equilíbrio que você me trouxe aos poucos do seu jeito tão desequilibrado!?
15.4.11
Vai começar tudo de novo...
Já passou aquela fase em que eu sinto uma coisa dentro de mim querendo explodir, uma sensação de que agora eu vou! Que agora tudo vai e que eu tudo posso! Aquela comichão que não tem motivo e que não me leva a lugar algum.
Aí já percebi que era só ansiedade... E isso me deixa preocupada, muito preocupada! Agora não é hora de cair de novo. Eu tenho tanta coisa pra fazer... É a reta final, é o degrau a ser galgado pra me estabilizar profissionalmente, é o ano de preparar o lastro, de arar a terra pra semear os grãos!!
Já passei por umas baixas temporadas, mas o que me preocupa mais é que as coisas estão ficando confusas outra vez. Eu não tou enxergando direito, tá tudo embaralhado e eu me sinto extremamente impulsiva. Vou me jogar e cair de cara de novo? Não quero, não quero, não quero. Não quero ficar louca outra vez, não quero magoar as pessoas outra vez, não quero tomar decisões descabidas que agora parecem a solução perfeita, mas daqui há 6 meses voltam pra me assombrar. Eu não quero conviver com a culpa disfarçada em forma de arrependimento.
O que é que eu vou fazer? Eu sei que eu sou a minha cura, que só depende de mim mudar esse foco pessimista, mas o que eu faço quando me sinto inundada de tristeza e incertezas?
18.8.10
Nostalgia
O vento é fresco e o ar cada vez mais úmido. O som dos pássaros alegres vai sendo substituído pelo das corujas soturnas e os grilos, sapos e rãs. Engana-se aquele que acredita que cada minuto a mais é um a menos de luz; as estrelas vão se espalhando pela escuridão do céu salpicando a gente de luz. A lua não está lá, mas hoje ela não precisa nos acompanhar.
Depois de ver os barcos atracando no pequeno píer, estendo minha canga sobre a plataforma ainda morna e me deixo encantar pela beleza magnífica da natureza – ficaria aqui por uma eternidade. Será que quando a gente morre é assim?
Sinto o vento cada vez mais fresco e minha pele se arrepia - nada me faria sair daqui agora. Deito de costas, com os joelhos dobrados à minha frente, formando a silueta de duas montanhas, fico alguns minutos pensando sobre as minhas formas e quanto gosto delas na penumbra, mas meu narcisismo desaparece diante da sensação de conforto de estar neste lugar.
O calor que sobe da plataforma me aconchega e quase durmo, mas é hora de deixar o paraíso, minha vida não é aqui, fica distante e bem mais agitada que isso.
E mais uma vez a despedida me causa dor, angústia e tristeza. Porque é tão difícil pra mim deixar algo pra trás? É sempre custoso colocar um ponto final e virar a página!
Penso nos livros que sempre li várias vezes e me pergunto porque a vida não podia ser assim sempre: Deu vontade de viver aquele capítulo da viagem ao paraíso – pronto – é só abrir na página 56.
Minhas crises nostálgicas não são suficientes pra viver tudo de novo. Sempre fica aquele nozinho no peito – por mais que eu guarde os cheiros, os gostos, os sons – falta algo, é como comer pastel de vento, pão-de-mel sem chocolate, suco de limão sem azedo, pão francês sem miolo...